"A Joanna sou eu, mas a casa é nossa": a emergência de um locus midiático colaborativo feminista
Palavras-chave:
Feminismos, Tecnologias, SubjetividadesResumo
O presente trabalho é resultado de uma construção coletiva, que apresenta e analisa a elaboração, criação e execução de um projeto colaborativo de comunicação e educação feminista sobre gênero situado nas redes sociais e denominado Casa da Mãe Joanna "“ CDMJ. Este local midiático, idealizado por uma de suas integrantes e construído por diversas forças em colaboração, surge de uma necessidade: espaço seguro para discussões sobre gênero que seja declaradamente feminista. Com o objetivo de caracterizar este local midiático e discutir sua emergência, realizou-se uma pesquisa quantitativa de caráter descritivo. Para a obtenção de dados foram utilizadas pesquisa documental baseada em 276 postagens em um grupo fechado em uma rede social e um levantamento por meio de questionário on line com 69 respondentes. Os dados foram tratados quantitativamente por meio de estatística descritiva. A análise indica que a CDMJ se constitui em alternativa de espaço no qual discussões sobre gênero e feminismo(s) são bem-vindas e incentivadas. Identifica-se a opção de muitas mulheres por apresentarem suas subjetividades de modos distintos dentro e fora de espaços considerados "seguros". Aponta-se ainda que o reconhecimento da mídia como espaço hostil influencia e informa a formatação da CDMJ como espaço de construção colaborativa, para que diversas vozes possam existir a partir de uma sensação de pertencimento e liberdade de discurso "“ seja o discurso produzido à respeito delas mesmas, ou sobre quaisquer outros temas situados na espinhosa discussão feminista acerca de gênero. Finalmente, argumenta-se que mídias feministas fazem-se necessárias para que mais vozes e subjetividades possam vir a público em segurança, e que a tecnologia permite a construção coletiva de tais espaços.
This paper, which results from the joint efforts from members of the collaborative endeavor Casa da Mãe Joanna "“ CDMJ, presents and analyzes the development, creation and implementation of this gender-centric feminist communication and education project. This mediatic site, designed by one of its members and brought to life by various forces, arises from a very specific need: a safe space for discussions relating to gender issues that is avowedly feminist. A quantitative study was undertaken and the analysis indicates that CDMJ does constitute an alternative space in which discussions on gender and feminism(s) are welcomed and encouraged. It was also pointed out that recognizing the media as a hostile space influences and informs the formatting of CDMJ as a space for collaborative construction, so that different voices can arise from within an atmosphere of belonging and freedom of speech "“ be the speech about the members"™ own experiences or about any other topic located in cantankerous feminist discussions about gender. Finally, it is argued that feminist media sites are necessary so that more voices and subjectivities can be made public safely, and that technology allows for the collective creation of such spaces.
Referências
BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S.A, 1989.
BOURDIEU, P. A Dominação Masculina. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2002.
BOURDIEU, P; WACQUANT, L. Una invitación a la sociología reflexiva. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2008.
CALEIRO, Maurício; DINIZ, Iara Gabriela. Web 2.0 e o ciberativismo: o poder das das redes na difusão de movimentos sociais. Revista Científica do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão - UFMA - ISSN 2176 - 5111 São Luís - MA, Janeiro/Junho de 2011 - Ano XIX - N 8.
CAMPANHA constata que mulheres sofrem primeiro assédio entre 9 e 10 anos. UOL, São Paulo, 29 de outubro de 2015. Disponível em: < http://estilo.uol.com.br/comportamento/ noticias/redacao/2015/10/29/campanha-constata-que-mulheres-sofrem-primeiro-assedio-entre-9-e-10-anos.htm> Acesso em 15 de agosto de 2016.
CORRÊA, M. Do feminismo aos estudos de gênero no Brasil: um exemplo pessoal. Cadernos pagu , n.16, p. 13-30, 2001.
DIP, A. Machismo é a regra da casa. El País, 17 de março de 2015. Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/16/politica/1426543534_137244.html. Acesso em 15 de agosto de 2016.
GARCIA, D.A.; SOUSA, L.M.A. Ler o arquivo hoje: a sociedade em rede e suas andanças no ciberespaço. Conexão Letras, v. 9, n. 11, p. 83-97, 2014.
GHERARDI, S.; NICOLINI, D. Learning in a Constellation of Interconnected Practices Canon or Dissonance. Journal of Management Studies. v. 39, n. 4, p. 419-436, 2002.
HARAWAY, Donna J. Manifesto ciborgue: Ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In: Antropologia do ciborgue: As vertigens do pós-humano. Org: Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.
GONÇALVES, J. Marcha das mulheres negras, a marcha que faz sentido. Carta Capital, 16 de novembro de 2015. Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/sociedade/marcha-das-mulheres-negras-a-marcha-que-faz-sentido-7941.html>. Acesso em 15 de agosto de 2016.
PINTO, C. R. J. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.
SPERB, P. Vamos juntas. Folha de São Paulo, 04 de setembro de 2015. Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/231818-vamos-juntas.shtml> Acesso em 15 de agosto de 2016.
SPIVAK, G.C. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
TEIXEIRA, T. B. Fontes visuais impressas: possibilidades de pesquisa: As formas de representação e os papéis atribuídos ao gênero feminino na Revista KodaK nos anos de 1912 a 1919. In: III CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA REGIONAL, 3., 2015, Passo Fundo. Anais Eletrônicos... Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 2015. Disponível em: < http://semanadoconhecimento.upf.br/download/anais-2015/ciencias-humanas/thaina-battesini-teixeira-fontes-visuais.pdf>. Acesso em 15 de novembro de 2015.
ZANELLO, Valeska. Saúde Mental e Gênero: o adoecimento psíquico e as violências invisibilizadas. In: Jornal do Federal. nº 112, Brasília/DF, março 2016, p. 12-14.