Segunda Carta sobre a Argélia
Resumo
Prefácio do tradutor[1]
Este é um dos textos sobre a Argélia escritos por Alexis de Tocqueville. São textos de domínio público, embora pouco conhecidos ou traduzidos. Foram “redescobertos” na década de 1980. Em 1837, Tocqueville começara a empreender uma carreira política. Ele tinha que escolher um eleitorado para as eleições. Com a votação deixando a possibilidade de múltiplas candidaturas, Tocqueville pretendia se apresentar a Cherbourg ou a Versailles, porque o seu pai era o prefeito ali e talvez pudesse contar com os votos dos legitimistas, no décimo distrito administrativo de Paris, na época. Ele queria provar aos seus eleitores em potencial a sua capacidade de lidar com os novos problemas que surgiriam na sociedade francesa e propor soluções relevantes. A partir de 1835, ele apresentou à Real Sociedade Acadêmica de Cherbourg o seu primeiro livro de memórias sobre o pauperismo. Poucos meses depois, em 23 de junho e 22 de agosto
1837, ele publicou duas cartas sobre a Argélia em “La Presse”, de Seine-et-Oise, porque ele queria mostrar aos eleitores desta circunscrição que ele era capaz de analisar seriamente a questão da Argélia e propor as linhas gerais de uma política colonialista. A
abordagem é comparável em ambos os casos: duas memórias correspondem a duas cartas. Aqui está o texto traduzido da segunda carta escrita em 1837. Nestes textos, ver-se-á um lado não conhecido de Tocqueville no qual ele defende peremptoriamente o colonialismo à base mesmo de violência. Tocqueville, de fato, foi um partidário resoluto da política colonial francesa na Argélia, e, em vista das necessidades políticas e econômicas de conquista, ele afirma que subscreve a política de terror e invasões, chegando mesmo a afirmar que, apesar de ser necessidades infelizes, qualquer pessoa que deseje fazer uma guerra contra os árabes será obrigada a fazer tais atos. Em 1988, Tzvetan Todorov organizou e editou os textos de Tocqueville sobre a Argélia os quais se encontram em “De la colonie en Algérie” (Bruxelles: Complexe, 1988). O texto que segue é uma tradução do francês a partir da edição disponibilizada pela Université du Québec à Chicoutimi em http://classiques.uqac.ca/.
[1]Tradutor: Plácido Adriano de Moraes Nunes; médico, jurista, tradutor, mestre em Sociologia (UFAL). E-mail: placido.adriano@hotmail.com