Exu não é satã

o rap nacional e o combate ao racismo religioso nas aulas de Sociologia

Autores

  • Rogério da Palma UEMS
  • Fernanda Cecília Alves Gonçalves de Campos
  • Natália da Silva Miranda

Palavras-chave:

Racismo religioso. Rap nacional. Ensino de Sociologia.

Resumo

O presente artigo tem a intenção de apresentar uma pesquisa realizada junto a alunos de Ensino Médio de uma escola do município de Paranaíba, situado no nordeste do estado de Mato Grosso do Sul. Na ocasião do estudo, pretendeu-se, a partir da utilização em sala de aula da obra de dois rappers brasileiros (Rincón Sapiência e Baco Exu do Blues), formular e implementar estratégias didáticas voltadas para o combate ao racismo religioso, em especial nas aulas de Sociologia. No intuito de se concretizar ações para uma educação antirracista, a ideia central foi apresentar aos alunos como a estética presente na obra desses artistas (letras, batidas, imagens, vestuários, coreografias etc.) carrega uma crítica ao racismo religioso presente na sociedade brasileira, demonstrando como certa parcela da nossa população sofre violentamente com essa situação. Argumentaremos que é fundamental pensar estratégias didático-pedagógicas de combate ao racismo religioso exatamente por ele se firmar, historicamente, como um dos pilares centrais das desigualdades raciais no Brasil, sendo o seu combate, especialmente no âmbito da escola, um dos principais desafios enfrentado pelas políticas voltadas para uma educação antirracista.

Palavras-chaves: Racismo religioso. Rap nacional. Ensino de Sociologia.

 

Abstract

This article intends to present a research carried out with high school students from a school in the municipality of Paranaíba, located in the northeast of the state of Mato Grosso do Sul. At the time of the study, it was intended, based on use in classroom of the work of two Brazilian rappers (Rincón Sapiência and Baco Exu do Blues), formulate and implement diactic strategies aimed at combating religious racism, especially in Sociology classes. In order to implement actions for anti-racist education, the central idea was to present to students how the aesthetics present in the work of these artists (lyrics, beats, images, clothing, choreography, etc.) carry a criticism of the religious racism present in Brazilian society, demonstrating how a certain portion of our population suffers violently from this situation. We will argue that it is essential to think about didactic-pedagogical strategies to combat religious racism precisely because it has historically established itself as one of the central pillars of racial inequalities in Brazil, with its combat, especially within the school, being one of the main challenges faced by policies aimed at anti-racist education.

Keywords: Religious Racism. Brazilian rap.   Teaching Sociology.

Referências

ABREU, Martha; MATTOS, Hebe. “Em torno das ‘Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana: uma conversa com historiadores”. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 21, n. 41, p. 5-20, jan./jun. 2008.

ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.

BODART, Cristiano das. O uso de letras de músicas nas aulas de Sociologia. Café com Sociologia, Revista do professor e estudante de sociologia, Vol.1, ano 1, ed.1, p. 13-26, nov. 2012.

CELESTE, Sandro José. Ensino de História, Canções e Identidades Afro-brasileiras: o rap como possibilidade. Dissertação de mestrado (Ensino de História). Universidade Federal de Santa Catarina, 2020.

CUNHA JÚNIOR, Henrique. “Candomblés: como abordar esta cultura na escola”. Revista Espaço Acadêmico. N. 102, p. 97-103, novembro de 2009.

DEUS, Lucas Obalera. “Entre a bíblia e o oxê: perseguição às comunidades religiosas de matriz africana”. REH. Ano V, vol. 5, n. 9, p. 119-153, jan./jun. 2018.

DUBET, François. Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor. Revista Brasileira de Educação, nº 5-6, maio-dez/1997

FERNANDES, Nathália Vince Esgalha. A raiz do pensamento colonial na intolerância religiosa contra religiões de matriz africana. Gira epistemológica. Vol. 1. N. 1., p. 117-136, Jan-Jun, 2017.

FILIZOLA, Gustavo Jaime; BOTELHO, Denise Maria. Lei 10.639/2003: caminhos para desconstrução do racismo epistêmico/religioso no ambiente escolar. Revista Formação Docente, Belo Horizonte, v. 11, n. 22, p. 59-78, set./dez. 2019.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996

GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência, São Paulo, Rio de Janeiro, 34/Universidade Cândido Mendes – Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.

HATUGAI, Érica Rosa. Metodologia do ensino de sociologia. Londrina: Editorae Distribuidora Educacional S.A., 2017.

HOOKS, bell. Ensinando o pensamento crítico: sabedoria prática; tradução Bhuvi Libanio. São Paulo: Elefante, 2020.

MORAES, Amaury César. Sociologia: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010.

LEANDRO, Marcos Eduardo; SANFILIPPO, Lucio Bernard. Deus e o diabo na prateleira do mercado: reflexões e narrativas de um racismo religioso vigente. Revista Periferia, v.10, n.1, p. 89 - 99, Jan./Jun. 2018.

MUNANGA, Kabengele. Superando o Racismo na escola. 2ª edição revisada. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.

NOGUEIRA, Sidnei. Intolerância religiosa. São Paulo; Sueli Carneiro/Polen, 2020.

PRANDI, Reginaldo. Sincretismo afro-brasileiro, politeísmo e questões afins. Debates do NER, Porto Alegre, ano 12, n. 19 p. 11-28, jan./jun. 2011

_____ . Exu, de mensageiro a diabo. Sincretismo católico e demonização do orixá Exu. Revista USP, São Paulo, n.50, p. 46-63, junho/agosto 2001

RUSSO, Kelly; ALMEIDA, Alessandra. Yalorixás e Educação: discutindo o ensino religioso nas escolas. Cadernos de Pesquisa, v.46, n.160, p.466-483, abr./jun. 2016.

SANTOS, Eufrázia Cristina Meneses. Resenha: O Atlântico Negro. Revista de Antropologia, São Paulo, USP.

Downloads

Publicado

2024-10-11

Como Citar

da Palma, R., Alves Gonçalves de Campos, F. C. ., & da Silva Miranda, N. (2024). Exu não é satã: o rap nacional e o combate ao racismo religioso nas aulas de Sociologia. Revista Café Com Sociologia, 13(1), 26–43. Recuperado de https://revistacafecomsociologia.com/revista/index.php/revista/article/view/1443