O “lugar” do Feminismo Negro, Decolonial, nos livros didáticos de Sociologia (pnld 2018)
Palavras-chave:
Feminismo Negro e Decolonial. Livros didáticos. Ensino de Sociologia.Resumo
O presente trabalho possui a proposta de analisar dois livros didáticos de Sociologia aprovados no Plano Nacional do Livro Didático (PNLD 2018)[1], à luz do feminismo negro decolonial. A perspectiva, nesse sentido, é observar como o tema feminismo negro é apresentado nos livros do PNLD 2018: “Sociologia para Jovens do Século XXI e “Sociologia em Movimento”. As referidas obras foram escolhidas tendo como princípio o fato de disporem de capítulos específicos sobre a questão de gênero e mais especificamente sobre o feminismo. Para isso, um estudo sobre os sentidos do feminismo negro decolonial foi realizado, tendo como parâmetro algumas autoras que estudaram a fundo a temática como a Françoise Vergés, Lélia Gonzalez, Davis, María Lugones e Djamila Ribeiro, além de outras referências. No que se referem aos estudos sobre os manuais didáticos e sua representação social, os autores Maia, Engerroff, Meucci, Melo e Bodart embasaram o estudo. A metodologia utilizada é uma análise crítica. Observou-se que embora a temática sobre o “feminismo negro decolonial” esteja presente nas duas obras estudadas, constatou-se que o livro “Sociologia para jovens do século XXI”, apesar de apresentar dois capítulos sobre as questões de gênero, a temática sobre o feminismo negro é evidenciada, mas não contextualizada com o restante do conteúdo. Já o livro “Sociologia em Movimento” apresenta o feminismo negro numa perspectiva decolonial e de forma mais contextualizada, mostrando, inclusive, a interseccionalidade como um conceito importante para esses estudos.
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